OS ESTÁGIOS COGNITIVOS SEGUNDO PIAGET
Os
Estágios Cognitivos Segundo Piaget
Piaget,
quando descreve a aprendizagem, tem um enfoque diferente do que
normalmente se atribui à esta palavra. Piaget separa o processo
cognitivo inteligente em duas palavras : aprendizagem e
desenvolvimento. Para Piaget, segundo MACEDO (1994), a aprendizagem
refere-se à aquisição de uma resposta particular, aprendida em
função da experiência, obtida de forma sistemática ou não.
Enquanto que o desenvolvimento seria uma aprendizagem de fato, sendo
este o responsável pela formação dos conhecimentos.
Piaget,
quando postula sua teoria sobre o desenvolvimento da criança,
descreve-a, basicamente, em 4 estados, que ele próprio chama de
fases de transição (PIAGET, 1975). Essas 4 fases são :
- Sensório-motor (0 – 2 anos);
- Pré-operatório ( 2 – 7,8 anos);
- Operatório-concreto ( 8 – 11 anos);
- Operatório-formal (8 – 14 anos);
Sensório-motor
Neste
estágio, a partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa
a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio
(LOPES, 1996). Também é marcado pela construção prática das
noções de objeto, espaço, causalidade e tempo (MACEDO, 1991).
Segundo LOPES, as noções de espaço e tempo são construídas pela
ação, configurando assim, uma inteligência essencialmente prática.
Conforme
MACEDO (1991, p. 124) é assim que os esquemas vão "pouco a
pouco, diferenciando-se e integrando-se, no mesmo tempo em que o
sujeito vai se separando dos objetos podendo, por isso mesmo,
interagir com eles de forma mais complexa." Nitzke et alli
(1997b) diz-se que o contato com o meio é direto e imediato, sem
representação ou pensamento.
Exemplos:
O
bebê pega o que está em sua mão; "mama" o que é posto
em sua boca; "vê" o que está diante de si. Aprimorando
esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo a
boca.
Pré-operatório
É
nesta fase que surge, na criança, a capacidade de substituir um
objeto ou acontecimento por uma representação (PIAGET e INHELDER,
1982), e esta substituição é possível, conforme PIAGET, graças à
função simbólica. Assim este estágio é também muito conhecido
como o estágio da Inteligência Simbólica.
Contudo,
MACEDO (1991) lembra que a atividade sensório-motor não está
esquecida ou abandonada, mas refinada e mais sofisticada, pois
verifica-se que ocorre uma crescente melhoria na sua aprendizagem,
permitindo que a mesma explore melhor o ambiente, fazendo uso de mais
e mais sofisticados movimentos e percepções intuitivas.
A
criança deste estágio:
- É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro.
- Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês").
- Já pode agir por simulação, "como se".
- Possui percepção global sem discriminar detalhes.
- Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.
Exemplos:
Mostram-se
para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a
forma de salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue
igual, pois as formas são diferentes. Não relaciona as situações.
Operatório-concreto
Conforme
Nitzke et alli (1997b), neste estágio a criança desenvolve noções
de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, ..., sendo então
capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da
realidade. Apesar de não se limitar mais a uma representação
imediata, depende do mundo concreto para abstrair.
Um
importante conceito desta fase é o desenvolvimento da
reversibilidade, ou seja, a capacidade da representação de uma ação
no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação
observada.
Exemplos:
Despeja-se
a água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a
criança diga se as quantidades continuam iguais. A resposta é
afirmativa uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz
de "refazer" a ação.
Operatório-formal
Segundo
WADSWORTH (1996) é neste momento que as estruturas cognitivas da
criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento. A
representação agora permite à criança uma abstração total, não
se limitando mais à representação imediata e nem às relações
previamente existentes. Agora a criança é capaz de pensar
logicamente, formular hipóteses e buscar soluções, sem depender
mais só da observação da realidade.
Em
outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu
nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o
raciocínio lógico a todas as classes de problemas.
Exemplos:
Se
lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a
galinha enche o papo", a criança trabalha com a lógica da
idéia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha comendo grãos.
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